terça-feira, 11 de setembro de 2012

Como draftar um quarterback, Parte 3 - O que poderia ter acontecido?

Esta é a Parte 3 de uma série de 7 posts sobre o assunto
- Parte 1 - Ninguém sabe nada
- Parte 2 - Apenas um

- Parte 4 - Um experimento chamado Kyle Boller

Por Brian Billick, NFL Network
18 de abril de 2012

A única coisa que amedontra treinadores e dirigentes mais do que draftar um quarterback que se torna um fiasco, é não draftar um que se torna um craque. Pense nos times que precisavam de quarterbacks, e ainda assim deixaram passar Aaron Rodgers, Drew Brees e Tom Brady.

Brady será para sempre o grande símbolo das oportunidades perdidas num draft. No draft de 2000, quando foi selecionado na sexta rodada com a escolha de número 199, Brady foi escolhido depois de jogadores como: Chad Pennington (New York Jets, primeira rodada, 18º escolha), Giovanni Carmazzi (San Francisco 49ers, terceira rodada, 65º escolha), Chris Redman (Baltimore Ravens, terceira rodada, 75º escolha), Tee Martin (Pittsburgh Steelers, quinta rodada, 163º escolha), Marc Bulger (New Orleans Saints, sexta rodada, 168º escolha), e Spergon Wynn (Cleveland Browns, sexta rodada, 183º escolha). Apenas Redman continua na liga, e como reserva em Atlanta.

Entretanto, é preciso ser justo: você não consegue assistir aos vídeos de Brady na faculdade e depois culpar a todos por não terem selecionado aquele que talvez seja o maior quarterback da história da NFL. Uma das análises sobre Brady dizia: “Se Tom Brady conseguir uma vaga no practice squad - seria uma espécie de reserva dos reservas - e passar um ano jogando na NFL da Europa, talvez ele possa vir a ser reserva de Bledsoe, mas é apenas isso”. Isso foi antes dos seus 3 títulos de Super Bowls e suas 5 aparições na grande final. Então, o fato é que ninguém errou quando se tratava de Brady - nem mesmo o New England Patriots, nas primeiras cinco rodadas daquele draft.

Um dos casos mais interessantes foi no draft de 2005, quando ninguém tinha selecionado Aaron Rodgers até a 24ª escolha. Poucos podem esquecer a agonia de Rodgers, esperando na sala anexa ao Radio City Music Hall, escolha após escolha, sendo que esperava-se que ele seria selecionado entre as 10 primeiras posições. Quando você olha para os vários times que deixaram de selecioná-lo naquele draft, é fácil imaginar onde eles estariam agora em termos de qualidade caso tivessem escolhido Rodgers.

O Washington Redskins fez a troca mais impressionante do draft deste ano, entregando três escolhas de primeira rodada e mais uma de segunda rodada para ter a 2ª escolha no draft, quando irão selecionar o quarterback Robert Griffin III, de Baylor. Em 2005, eles tiveram a 9ª escolha e selecionaram Carlos Rogers. Ele veio a ser um jogador muito bom, mas o quarterback do time na época, Mark Brunell, já estava no final de sua carreira. Desde então, o Redskins teve quatro quarterbacks titulares e três diferentes treinadores.

O Minnesota Vikings deixou de selecionar Aaron Rodgers por duas vezes naquele ano, com a 7ª e a 18ª escolha no draft. Eles selecionaram o wide-receiver Troy Williamson e o defensive-end Erasmus James (nenhum deles está mais na liga), e desde então teve cinco quarterbacks diferentes e já está no terceiro treinador.

Este ano o Miami Dolphins está numa posição no draft onde pode selecionar o quarterback Ryan Tannehill, de Texas A&M. Em 2005 o Dolphins tinha a segunda escolha no draft, e selecionou o running-back Ronnie Brown. Jay Feely e Gus Ferrotte eram os quarterbacks na época, e desde então eles tiveram seis quarterbacks e quatro treinadores diferentes.

Buffalo é um outro caso bastante interessante. Em 2004 eles trocaram a sua escolha da primeira rodada para conseguir selecionar o quarterback J.P. Losman, de Tulane. A escolha da qual eles abriram mão foi a vigésima no draft do ano seguinte, de 2005, quatro posições antes de onde Rodgers fora selecionado. Losman atuou como titular apenas um ano (2006) em Buffalo e teve uma taxa de passes completos de pouco mais de 60%, com mais interceptações do que touchdowns. O Cowboys, que havia recebido esta escolha do Bills, acabou selecionando Marcus Spears com esta vigésima escolha. O Bills teve quatro diferentes quarterbacks e tantos outros treinadores durante este período de 42 vitórias e 72 derrotas. Apenas o Browns e o Raiders tiveram campanha pior ao longo deste período.

O Cleveland Browns tinha a terceira escolha em 2005 e selecionou Braylon Edwards, que jogou apenas 4 anos e foi negociado com o Jets em 2009. O Browns teve cinco quarterbacks e três diferentes treinadores durante esse período, quando obteve 38 vitórias e 74 derrotas, com mais de 10 derrotas em seis das últimas sete temporadas.

O Oakland Raiders tinha a 23ª escolha daquele ano e selecionou Fabian Washington - exatamente uma escolha antes de Green Bay draftar Aaron Rodgers. Washington provou ser um excelente defensive back, mas ficou no Raiders por apenas três anos, sendo negociado para o Baltimore Ravens e depois para o New Orleans Saints. O quarterback titular do Raiders na época era o veterano Kerry Collins, e desde então o time teve seis quarterbacks diferentes e tantos outros treinadores neste período de 36 vitórias e 76 derrotas.

As consequências de se deixar de selecionar um excelente quarterback são tão negativas, que é comum os dirigentes estarem o tempo todo falando em procurar quarterbacks. E essa procura cria um tipo bastante peculiar de agonia, como veremos na Parte 4 deste artigo.


Brian Billick é ex-técnico da NFL, e liderou o Baltimore Ravens ao título do Super Bowl de 2000. Ele foi treinador do Ravens durante 9 temporadas (1999-2007) depois de trabalhar no Minnesota Vikins como coordenador de ataque (1994-98). Além de escrever para a NFL.com, Billick é analista no NFL Network's Total Access e também em outros programas.

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- Tradução livre de Marcos Koji Onodera

Conteúdo original em:
http://www.nfl.com/draft/story/09000d5d82867bed/article/how-to-draft-a-qb-part-3-what-could-have-been