segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O novo contrato de Drew Brees beneficia Joe Flacco, Matt Ryan e Eli Manning

Por Michael Lombardi, NFL Network
16 de julho de 2012


A torcida do Saints pôde finalmente dormir tranquila depois de saber que o quarterback Drew Brees renovou seu contrato. Quando Brees assinou este novo contrato de 5 anos valendo 100 milhões de dólares, era quase possível ouvir um suspiro de alívio vindo dos torcedores do time.

Todos nós sabemos que Brees merecia esse contrato. Ele é um dos melhores da liga, jogando na posição mais importante do time,  e ainda conquistou um Super Bowl para uma franquia que esperava por isso há anos. Ao pagá-lo – ele vai ganhar 37 milhões de dólares este ano em bônus pela assinatura do contrato, mais 50 milhões nos próximos dois anos e mais 61 milhões nos outros três – tanto a equipe quanto o atleta estarão fazendo um grande negócio. Se há uma coisa que eu aprendi durante os anos que passei gerenciando salários é que você nunca está pagando demais quando o assunto é um grande atleta – principalmente se esse atleta é um quarterback.

Fazer de Brees o quarterback mais bem pago da NFL não foi uma tarefa difícil para o Saints. Pagar bem grandes atletas nunca é difícil – você deve apenas determinar o valor de mercado de jogadores com talento similar, e então agir conforme esse valor. Entretanto, há um grande erro que os times podem cometer em termos de gerenciamento de salários: pagar a bons atletas como se eles fossem grandes atletas (por exemplo: NBA). Ser bom não significa ser craque. Logo, os times precisam ser disciplinados para conseguir fazer essa distinção.

Infelizmente para os times, o mercado de contratos de jogadores não se importa muito com essa diferença. Um contrato pode fazer aumentar o valor de outro e, antes que se perceba, os bons atletas estão sendo pagos como grandes atletas. O efeito dominó do contrato de Brees será o de inflacionar o salário de muitos outros quarterbacks. Isto certamente irá beneficiar, por exemplo, Eli Manning, Aaron Rodgers, Ben Roethlisberger e possivelmente até Matthew Stafford. Mas será que irá beneficiar Joe Flacco e/ou Matt Ryan?

Flacco, que ainda tem um ano de contrato com o Baltimore Ravens, tem demonstrado que melhorou tecnicamente nestes 4 anos de NFL. Ele começou a carreira jogando de forma mais conservadora, sem arriscar muito, cresceu como atleta e agora é a razão pela qual o time pode lutar por um título. Ele tem todas as qualidades para levar o Ravens adiante – o sucesso do time já não depende mais inteiramente de sua defesa. O empresário de Flacco vai olhar para o contrato de Brees, reparar que seu cliente já participou de 9 jogos de playoffs em apenas quatro anos, e vai concluir que Flacco merece um contrato similar ao de Brees (e com bônus que irão fazer este contrato ser praticamente igual ao de Brees, caso Flacco vença um Super Bowl). Isso é coerente? Não, porque Flacco, hoje, é apenas um bom quarterback. Mas ele certamente tem potencial para ser um grande quarterback num futuro próximo, o que faz com que seja difícil renovar o seu contrato neste momento, principalmente depois do de Brees.

Hoje, Flacco não vale 20 milhões de dólares por ano – ainda que seu empresário venha a afirmar isso. Mas quanto ele vai valer em três anos se continuar a crescer como atleta e liderar o Ravens ao Super Bowl?

O Baltimore Ravens não conseguiria facilmente substituir Flacco e, caso eles não consigam fechar um contrato de longa duração, serão obrigados a aplicar a franchise tag no atleta, que é um artifício usado para segurar o jogador no time por mais um ano. Isso significa que Flacco iria receber mais de 14 milhões de dólares em 2013, com um aumento de 120% a cada ano. Certamente é uma maneira cara de solucionar o problema. Por mais que o Ravens queira um contrato que valha menos de 15 milhões por ano, as regras estabelecidas para negociações entre times e atletas e a dificuldade em substitui-lo fazem com que uma renovação seja improvável. Então, o Ravens vai acabar tendo que pagar a Flacco como se ele fosse um craque agora, e simplesmente esperar que estejam certos.

Esta mesma situação ocorre em Atlanta, com Matt Ryan, que ainda tem dois anos remanescentes no seu contrato inicial de seis anos, valendo 72 milhões de dólares. Ryan ainda não pode ser considerado um grande quarterback. Entretanto, também não é fácil substitui-lo, o que significa que o Atlanta Falcons fatalmente irá acabar pagando um salário de um grande jogador para um bom jogador. Mas que outra escolha eles têm? Se considerarmos Ryan e o Falcons, o meu lema - você nunca está pagando demais se estamos falando de um grande atleta - aplica-se também para os bons quarterbacks, e não só para os grandes.

O contrato de Brees irá causar impacto no valor das franchise tags para quarterbacks, o que significa que será mais difícil aplicar essa tag tanto para Flacco quanto para Ryan, e também mais difícil renovar os seus contratos neste momento. Então, ambas as equipes irão esperar o final da temporada 2012 para propor um novo contrato que esteja de acordo com suas respectivas folhas salariais.

Enquanto Brees acabou beneficiando Ryan e Flacco em suas futuras negociações, quem ele ajudou mesmo foi Eli. Manning já venceu dois Super Bowls e recebe uma média de 15 milhões de dólares por ano, num contrato que vai até o final de 2015. Ele mereceria um aumento? Sim, mas como ele ainda tem quatro anos de contrato, o Giants terá mais tempo para tomar uma decisão. De qualquer forma, todos nós sabemos que, nesse caso, a situação vai ser resolvida bem antes do término deste contrato.

O Packers enfrenta uma situação similar com Rodgers. O jogador mais valioso da temporada passada já tem um título de Super Bowl, e está com um contrato até o final de 2014 que pode ser considerado modesto - salário de 8 milhões de dólares em 2012.  Mas o relógio está correndo para que o Packers já pense num novo contrato para o atleta que acabou de ser eleito o número 1 de toda a liga.

Ao assinar o seu contrato, Brees finalmente deu paz de espírito aos torcedores do Saints... e deixou todos os outros quarterbacks titulares da liga um pouco mais ricos.

Michael Lombardi já chefiou o departamento de jogadores do Oakland Raiders e do Cleveland Browns. Também trabalhou no San Francisco 49ers, Philadelphia Eagles e Denver Broncos.

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- Tradução livre de Marcos Koji Onodera

Conteúdo original em:
http://www.nfl.com/news/story/09000d5d82a94f46/article/drew-brees-deal-benefits-joe-flacco-matt-ryan-eli-manning 

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